CONVERSA COMPROMETEDORA ENTRE AÉCIO NEVES
E GILMAR MENDES.
Um diálogo, divulgado essa semana,
envolvendo dois grandes figurões da República brasileira chamou muita atenção
pela maneira sórdida que estava sendo tratado um projeto, que tramita no Senado
Federal, para alterar a Lei de Abuso de Autoridade. Eram eles Gilmar Mendes,
ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e atual presidente do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) e o senador Aécio Neves, que foi candidato a presidente da
República nas últimas eleições de 2014, alcançando mais de 51 milhões de votos,
no segundo turno numa disputa entre ele e a ex-presidente Dilma Roussef impedida
de ocupar o cargo de presidente, por meio de impeachment, que ocorreu há um ano
atrás.
Vamos divulgar pequeno trecho, da
chamada, transcrita pela PF, através de interceptação telefônica do terminal
telefônico do senador, autorizada pelo STF, que durou um minuto e 36 segundos.
Leia a transcrição feita pela Polícia Federal:
* Aécio Neves: Oi, Gilmar.
Alô.
* Gilmar Mendes: Oi, tudo
bem?
* Aécio: Você sabe um telefone que você
poderia dar que me ajudaria na condução lá. Não sei como é sua relação com ele,
mas ponderando... Enfim, ao final dizendo que me acompanhe lá, que era
importante... Era o Flexa, viu? [Aécio se referia ao senador Flexa
Ribeiro]
* Gilmar: O Flexa, tá bom, eu falo com
ele.
* Aécio: Porque ele é o outro titular da
comissão, somos três, sabe?... Né...
* Gilmar: Tá bom, tá bom. Eu vou falar
com ele. Eu falei... Eu falei com o Anastasia e falei com o Tasso... Tasso não é
da comissão, mas o Anastasia... O Anastasia disse “Ah, tô tentando...
[incompreensível]...” e...
* Aécio: Dá uma palavrinha com o Flexa...
A importância disso e no final dá sinal para ele porque ele não é muito assim...
De entender a profundidade da coisa... Fala ó... Acompanha a posição do Aécio
porque eu acho que é mais serena. Porque o que a gente pode fazer no limite?
Apresenta um destaque para dar uma satisfação para a bancada e vota o texto...
Que vota antes, entendeu? (...)
O senador Aécio estava solicitando que o
ministro intervisse junto a um outro senador, a fim de convencê-lo a votar a
favor do projeto, para atender os interesses pessoais do tal senador e de seu
grupo, que tem como intenção dificultar o trabalho da Operação Lava Jato, pois
incluiria como crime, se o projeto fosse aprovado, uma série de condutas
praticadas por magistrados, promotores, investigadores, na condução de uma
investigação e processo criminal.
Registre-se que foram divulgados outros
vários trechos de ligações telefônicas, onde o senador dentre três palavras fala
um palavrão, crítica autoridades, enfim deturpa sua função, nos diálogos
interceptados com autorização da justiça, e tem uma conduta não condizente com o
cargo que ocupa.
Estamos lidando com um quadro
extremamente deprimente na seara política e na própria justiça nacional, com
fatos realmente de polícia, onde a irmã e o primo do senador Aécio Neves, foram
presos, suspeitos de receberem de Joesley Batista, dono da rede de frigoríficos
a quantia de R$ 2 milhões de reais, a título, segundo o próprio empresário, de
propina, e o senador afirma que seria um empréstimo que teria solicitado ao
milionário, como amigo, exatamente para pagar advogados que trabalham na defesa
de Aécio nas várias investigações a que ele responde.
Além disso, toda a lama divulgada
incessantemente pela mídia essa semana, que passou, envolvendo também o
presidente da República, que recebe esse mesmo empresário após às 22h, na residência da
presidência, sem registro na agenda oficial, e para que esse reportasse vários
crimes que estava cometendo ao presidente da República, e o chefe da nação
concorda e assevera com várias práticas reportadas, inclusive a compra do
silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, preso pela Lava Jato, por corrupção,
lavagem de dinheiro e outros crimes.
Mesmo diante desse quadro, nós da coluna
Hora da Cidadania, acreditamos que o país está sendo passado a limpo e temos uma
importante oportunidade de mudar esse quadro político nacional, nas próximas
eleições diretas, sejam elas convocadas pelo congresso nacional, sejam, como
previsto, as de 2018.
Concluo essa coluna da semana com um
pensamento do filósofo contemporâneo em análise do quadro atual, Mário Sérgio
Cortella: “Não podemos perder o foco do que o que vivemos hoje no Brasil não é o
auge da sujeira, mas o começo da limpeza.”
Fica a reflexão. Fique atento à próxima
edição da Hora da Cidadania, que é divulgada todas as segundas-feiras. Você pode
dar sugestão de temas, fazer críticas e elogios através do e-mail:
ericklessa04@gmail.com.
Do Blog Do Adielson Galvão
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