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Foi
apresentado na manhã desta quinta-feira (30), o resultado da Operação Bis in
Idem, que foi deflagrada na manhã de ontem e resultou nas prisões de três
policiais civis que são lotados na delegacia regional de Caruaru, na prisão de
um outro suspeito que é acusado de fazer parte da quadrilha, além da condução
coercitiva de um policial militar que também é suspeito de integrar o grupo. Os
policiais e o quarto suspeito foram presos por força de Mandados de Prisões
Temporárias que tem validade de cinco dias e todos eles estão no
Cotel.
O
delegado que investiga os crimes é o Dr. Ramon Teixeira do GOE – Grupo de
Operações Especiais, que informou que em setembro de 2016, gerentes e
funcionários de uma empresa transportadora de bens, cargas e mercadorias com
sede em Goiânia - GO foram vítimas de solicitações indevidas de um policial
civil de Caruaru, o qual condicionava a localização e a recuperação de um
caminhão e de uma carreta da empresa ao pagamento de quantias correspondentes a
30% do valor de mercado dos veículos. Foi a partir daí que o GRUPO DE OPERAÇÕES
ESPECIAIS - GOE foi encarregado, mediante designação especial pela Chefia de
Polícia, para a apuração do caso.
Ao
longo das investigações, ficou claro que aquele não foi um caso isolado
praticado por um policial civil desviado; pelo contrário, era apenas uma das
várias práticas concussivas e corruptas adotadas por um grupo criminoso para
enriquecer, geralmente às custas das próprias vítimas de roubos e furtos. Para
identificar os envolvidos e reunir provas bastantes e suficientes de suas
condutas, foram necessários cerca de 10 meses de investigação criminal pelo
GOE.
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Essa conversa entre um dos policiais e uma vítima foi apresentada a imprensa. |
Foi
devidamente identificada, até o momento da deflagração da Operação “Bis In
Idem”, uma organização criminal composta de, pelo menos, três policiais civis e
um popular que se apresentava às vítimas como agente de polícia e foi preso no
início de 2017 por porte ilegal de arma de fogo. É importante mencionar que as
investigações seguem em andamento, buscando ainda identificar outros policiais,
inclusive de outras forças de segurança, integrantes do grupo criminoso atingido
pela operação do GRUPO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS.
Embora
não haja um único modus operandi definido pelo grupo criminoso investigado, é
certo que tudo sempre girou em torno de ganhar dinheiro a qualquer custo. Entre
as práticas criminosas já identificadas na investigação, estão: - A solicitação
do pagamento de certa quantia em dinheiro ou depósito em conta como uma
“gratificação” ou “prêmio” para localizar e recuperar caminhões, carretas e
cargas; - A exigência de valores exorbitantes a empresários suspeitos ou
investigados como condição para que a investigação criminal em seu desfavor
fosse sabotada; - O constrangimento de vítimas de roubos e furtos ao pagamento
de valores a título de “gratificação” e “recompensa” pelos serviços prestados, e
até mesmo de “diárias” pelo período em que veículos e carretas permaneceram
custodiados ou retidos; - A prática de lavagem de dinheiro pelos investigados,
ocultando ou dissimulando a origem, a movimentação ou a propriedade de bens e
valores advindos de seus crimes, desta forma conseguindo reunir um patrimônio
absolutamente incompatível com suas rendas. A forma mais eficaz de se combater
esse tipo de organização criminosa é a combinação da tradicional prisão
cautelar, quando presentes os seus pressupostos, com o seqüestro dos bens móveis
e imóveis e o bloqueio das contas dos investigados, o que foi
feito.
Foram
bloqueados pela Justiça, a pedido do GOE e ouvido o Ministério Público, cerca de
R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais), em valores estimados para os bens
imóveis, móveis e de contas bancárias dos investigados. Concordando com o
resultado parcial das investigações, o Exmo. Juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca
de Caruaru, o Dr. Eliziongerber de Freitas, em sua decisão, assinalou que “Há
claros indícios de lavagem de dinheiro pelos investigados, que ostentam bens
móveis e imóveis incompatíveis com seus salários”.
Como
já assinalado, a investigação criminal segue em andamento, ficando pendentes de
esclarecimentos, entre outras, as seguintes questões: - Uma vez que há sólidos
indícios de vítimas de corrupção passiva e concussão habitual e reiterada por
parte dos investigados, acredita-se que haja muitas vítimas do grupo até então
não identificadas, além de, provavelmente, outros criminosos até o momento não
identificados; - É preciso apurar a conduta de empresas transportadoras de
cargas e, principalmente, de seguradoras e empresas de rastreamento, que
possivelmente recorreram ao grupo investigado mediante o pagamento de
“gratificações” pelos seus serviços, o que pode caracterizar o crime de
corrupção ativa; - É igualmente necessário compreender se a recuperação dos
veículos e das mercadorias roubadas tem alguma ligação com os próprios
assaltos.
O
GOE informou que por enquanto não divulgará os nomes dos policiais presos, porém
se as Prisões Temporárias forem convertidas em Prisões Preventivas os nomes e
imagens dos suspeitos serão divulgados.
Do Blog Do Adielson Galvão
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